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OPINIÃO: Socialismo demonizado

Na imprensa aparelhada, nas redes sociais e nos colóquios internautas, verifica-se que existe uma intenção elaborada de que socialismo signifique marxismo-leninismo e, nessa demonização, desqualificar toda a obra social que vem sendo construída há 200 anos.

Com a primeira revolução industrial, no final do século XVIII, as grandes fortunas começaram a ser acumuladas pela burguesia, deixando de atender somente aos interesses da nobreza e se constituindo num poder emergente, com predominância do capital sobre tudo o mais. Foi uma primeira fase do que ficou registrado como capitalismo selvagem; quando o egoísmo, a ganância, a ambição desenfreada e a pouca atenção ao trabalhador, predominou.

Contra essa situação desumana começaram a surgir pensadores que denunciavam o processo e elaboravam propostas com soluções mais condizentes com o respeito e o real valor do trabalho e dignidade do homem. Entre muitos podemos destacar Charles Fourier, Felipe Buchez, Saint Simon, Charles Gide, Roberto Owen, que entre os anos finais de 1700 e nos iniciais de 1800 preconizaram soluções de caráter social que valorizavam a cooperação e o auxílio mútuo. Foram classificados como Socialistas Utópicos pela mídia vigente, mas seus trabalhos passaram a influenciar decisivamente o comportamento dos operários. Desde épocas pretéritas, a associação entre trabalhadores foi conhecida, principalmente entre artesãos e agricultores. Mas foi durante a primeira metade do século XIX que tomaram forma mais duradoura: com o surgimento das primeiras cooperativas de consumo, de crédito e de trabalho.

Robert Owen, na Inglaterra, grande empresário do ramo têxtil, foi o primeiro pensador social que agiu decisivamente na implementação de soluções. Vendo que a produtividade das mulheres em suas fábricas era menor do que a dos homens, passou a estudar as causas e verificou que a atenção das mães estava nos seus filhos pequenos e suas necessidades. Criou, então, no ambiente das fábricas, um departamento em que as mães pudessem deixar os seus filhos, amamenta-los e observar sua segurança. Foram as primeiras creches. Logo constatou que a produtividade feminina aumentava, igualando-se à dos homens. Vendo que, apesar de pagar melhores salários aos seus empregados, estes eram vilmente explorados pelos comerciantes e atravessadores, passou a incentivar a associação cooperativa de consumidores. Ainda não satisfeito com o panorama social da época e constatando as maneiras vis das relações de trabalho, incentivou a associação dos operários para defesa de seus interesses. Foi quando se formaram os primeiros sindicatos.

As ideias sociais evoluíram daí em diante até nossos dias e continuarão a evoluir. Em 21 de fevereiro de 1848, Karl Marx e Friedrich Engels lançaram o Manifesto Comunista, que denunciava o liberalismo da época, estabelecia a luta de classes e propunha uma grande revolução. Uma primeira conquista após sua publicação foi a redução da carga horária de 12 para 10 horas por dia. As 8 horas vieram muito depois. A ideologia marxista-leninista propôs que o comunismo seria alcançado com a instalação de um estado totalitário, ditado pelos trabalhadores, que ao final, com a propriedade dos meios de produção e a coletivização das relações sociais, aboliriam o Estado e passariam a desfrutar do comunismo. Nada disso foi alcançado, apesar das inúmeras tentativas que convulsionaram o século XX.

O socialismo, que não é sinônimo de comunismo, vem produzindo mudanças comportamentais no liberalismo clássico e criando formas de governo através do mundo que alteraram profundamente o panorama social, fortificando as democracias e implementando o desenvolvimento através da humanização das relações de trabalho. Os partidos social- -democráticos são os mais numerosos em todos os países civilizados, inclusive o do presidente Bolsonaro: Partido Social Liberal!!!

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